DROGAS NA ESCOLA
03/04/2011 08:15
Esse não é só um assunto restrito ao universo escolar. É um problema social que se estende à escola, as razões pelas quais o mercado das drogas e do álcool se propaga de maneira voraz no Brasil são porque nossas leis são insuficientes e frouxas, não há restrição de propagandas e vendas, não há campanhas preventivas permanentes e, finalmente, não há uma organização efetiva dos serviços para tratamento de dependentes químicos. Esse assunto deve ser tratado na escola com abordagem informativa e preventiva,mas nos não devemos esperar que, com isso, nossos alunos estejam livres do perigo de envolvimento com drogas.
Em outros países democráticos, são proibidas propagandas de cigarros e bebidas alcoólicas. No Brasil geralmente, com apelos e mensagens subliminares de liberdade sedutoras aos adolescentes essas propagandas são liberadas e em horários nobres, em atrações como jogos de futebol onde o público que assiste e muito grande. Sem mencionar que qualquer criança compra cigarros ou álcool com a maior facilidade no Brasil.
Mesmo que a escola sozinha não consiga refrear o uso de drogas entre seus alunos, pois algumas têm traficantes matriculados, nos professores podemos combater essa tendência tratando insistentemente do tema em sala de aula. Cada escola deve ser um núcleo de resistência, com base na cidadania. Envolver alunos e a comunidade é agir localmente pensando globalmente.
Não devemos ter medo de falar do assunto, de mostrar que estamos preocupados com nossos alunos e que também podemos oferecer ajuda e apoio. Ainda mais sendo o tema drogas incluído nos Parâmetros Curriculares Nacionais. O assunto tem de ser abordado quando os alunos estão entre os 12 e 13 anos. Essa é a idade da virada, do despertar para a vida adulta. Se o tema for tratado depois que os adolescentes tiverem contato com as drogas, fica mais difícil de controlar.
Os fatores de risco podem estar presentes em todas as esferas da vida, desde o próprio individuo até os demais espaços de convivência social. A combinação dos fatores de risco, nestes diversos níveis, pode tornar uma pessoa mais ou menos vulnerável para fazer uso indevido de drogas.
Por outro lado, se existem fatores de risco, também se podem identificar fatores de proteção, portanto, os fatores de risco e proteção devem ser compreendidos na realidade das pessoas envolvidas, pois o que representa risco para uma pessoa pode representar proteção para outra, ou seja, um adolescente que convive com usuário de drogas pode decidir por jamais se aproximar destas, ao passo que outra, em razão desta exposição, pode achar natural e passar a fazer uso de tais substâncias.
Quadro: Fatores de risco e fatores de proteção
DOMÍNIO ESCOLAR |
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FATORES DE RISCO
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FATORES DE PROTEÇÃO
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Indefinição falta de comunicação e de negociação de normas, regras e limites.
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Definição, comunicação e negociação de normas, regras e limites.
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Incoerência e incongruência entre os agentes educativos na prática das normas educativas.
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Coerência e congruência entre professores, diretores e servidores na aplicação das normas e regras escolares.
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Relações desrespeitosas e falta de responsabilidade e compromisso entre os agentes educativos (professores, diretores, servidores, etc.).
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Relações de respeito mútuo, compromisso e cooperação entre os agentes educativos (professores, diretores, servidores, etc.).
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Distanciamento entre a família e a escola.
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Relações amistosas e de cooperação entre família e escola.
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Falta de estímulo às práticas das atividades escolares.
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Estímulo à prática das atividades escolares.
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Ausência de expectativas positivas em relação ao desempenho dos alunos, tanto no aspecto formativo quanto informativo do currículo.
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Verbalização das expectativas positivas com relação ao desempenho dos alunos em todos os aspectos do currículo.
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Ausência de atividades criativas e estimulantes que concorram para a criação de vínculos entre o aluno e a escola.
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Promoção de práticas escolares criativas e estimulantes, com atividades curriculares e extracurriculares que concorram para a criação de vínculos entre o aluno, a escola, os pais e a comunidade.
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Relações preconceituosas para com os alunos, com a utilização de rótulos como forma de punição e exclusão.
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Relações abertas, honestas, sem atitudes negativas, punitivas, preconceituosas ou excludentes entre professor e aluno.
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Ausência de afetividade na relação professor e aluno.
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Fortes vínculos afetivos entre professor e aluno.
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Relações professor/aluno baseadas no autoritarismo ou no excesso de permissividade.
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Relações entre professor/aluno baseadas no respeito mútuo.
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Ausência de afetividade e confiança no ambiente escolar.
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Presença de afetividade e confiança no ambiente escolar.
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Falta de estímulos e de práticas educativas relativas ao altruísmo, cooperação e solidariedade.
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Estímulo e exercício dos princípios de altruísmo, cooperação e solidariedade. Falta de controle quanto à presença de drogas.
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Controle da presença de drogas. Tolerância com relação ao cigarro, álcool e/ou outras drogas.
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Reconhecimento e valorização, por parte da escola, de normas e leis que regulam o uso de drogas, com definição e aplicação efetiva das normas internas da escola.
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Fonte da tabela: A Prevenção do Uso de Drogas e a Terapia Comunitária. Brasília: Secretaria Nacional antidrogas
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