Educação física escolar

07/12/2011 21:11

 

Embora um bom programa da Educação Física na escola seja de importância fundamental na promoção da atividade física, da saúde e do bem-estar, muitos outros fatores podem afetar a participação dos jovens em um estilo de vida fisicamente ativo; prejudicando o correto desenvolvimento de sua saúde. Entre outros fatores incluem-se: a cultura, a conscientização, os valores, as crenças, o conhecimento, o ambiente, as atitudes, as habilidades, a mídia, a modelação (seria interessante explicar), a vida social, e a influência dos amigos e da família, além da genética e do sistema nervoso central.

Assim, até a genética tem seu papel. Peruse et al (1989) analisaram 1610 irmãos que tinham e não tinham relações, e estimaram que a hereditariedade respondia por 29% da atividade física. Além disso, Rowland (1998) recentemente postulou a existência de um centro de controle do gasto energético no sistema nervoso central que pode controlar o nível de atividade física espontânea.

No chamado “Summit de Berlin” em 1999, como nos principais foros do mundo, uma das perguntas básicas é:

a) por que se deve promover a educação física entre crianças e adolescentes?

Dentre muitas outras, as razões mais comumente apontadas são:

· para promover o bem-estar físico e psicológico durante a adolescência;

· para promover a atividade física e assim melhorar a saúde no futuro e aumentar a probabilidade de o indivíduo continuar ativo na idade adulta.

Outra questão comum é:

b) será que um modelo de comportamento na infância será adotado na idade adulta?

Embora mais à frente coloquemos algumas limitações, os estudos descritos a seguir corroboram uma resposta positiva:

· comportamentos estabelecidos durante a infância podem afetar a saúde dos adultos (GRUPO DE PREVENÇÃO DE DOENÇAS CORONÁRIAS,

1988; LOUCKS, 1995);

· a prevenção a estilos de vida sedentários na infância é melhor do que tentar revertê-los na idade adulta (WHO, 1990);

· é melhor ajudar as crianças a desenvolverem hábitos do que alterá-los quando forem adultas (STRONG, 1992).

Em termos de saúde, outra linha de evidência, ligando padrões precoces com doenças futuras, pode ser encontrada nos estudos de Barker (1990), que declarou que mudanças biológicas ocorridas no útero já dariam início à condição crônica que leva ao desenvolvimento de uma doença no futuro.

No presente artigo procuraremos discutir, baseado na revisão da literatura e na experiência acumulada pelo Programa Agita São Paulo, como seria possível desenvolver uma proposta de vida mais ativa para os escolares, que favoreçam um novo modelo de “construção de saúde” que se  contraporia à tradicional abordagem de “tratamento de enfermidades”.

É clara a necessidade de se fazer um gigantesco esforço para mudar a situação atual da Educação Física como ferramenta de promoção da saúde e de um estilo de vida ativo.

A Educação Física tem utilizado o "esporte" como substituto da saúde, e em virtude de elos fracos, sobretudo entre os esportes competitivos e a saúde, a educação física perdeu a primeira oportunidade de realmente influenciar as crianças e os adolescentes no sentido de desenvolverem um comportamento ativo por toda a vida. Mais recentemente, a educação física passou a usar componentes de aptidão como um “novo substituto” da saúde. Porém, essa abordagem implica alguns problemas, e, por fim, mas não menos importante, falta de cuidado adequado com relação ao princípio da inclusão  social.

Outro problema é o que podemos chamar de “dilema fisiológico da educação física”: os efeitos da educação física na aptidão, na saúde e no bem-estar em geral são de curto prazo – quando o que queremos é um efeito por toda a vida. A única forma de atingirmos esse objetivo é desenvolvermos um comportamento ativo de longo prazo que garanta o resultado desejado. Isso não é fácil, mas constitui fascinante desafio para uma nova educação física.

 

Fonte de pesquisa: Artigo Saúde Escolar Matsudo –V- et al 2003

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